LUÍS PEDROSO - ANO DO CÃO
O asteróide somos nós
Frédéric Neyrat
Um cinzeiro, ao lado da cama
transborda beatas sobre o chão de tacos -
eis a minha opinião
quanto à qualidade do ar neste século.
Tampouco me comprometo
com a pureza da água
Longe vai o dia de a beber sem medo
e enfiar as mãos na terra,
escura e de torrão crocante -
não este solo de cor doentia
e brilho gorduroso que ameaça lepra,
puxa escarro e cospe fogo
O século padece de ocupantes -
mas isto não passa de literatura –
ao lado da cama, apenas roupa suja
e as pantufas