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Set18
GISELA GRACIAS RAMOS ROSA - ANTES E PARA ALÉM DE TI
Na infância os teus olhos circundavam as nascentes puras
a terra molhada do mato colonizado.
Não conhecias as palavras dos homens e das mulheres, apenas
os olhos na intensa paisagem dos sentidos.
Tecias levemente uma extensão, um corpus de sentido entre
o índico e o Atlântico uma massa de memórias continentais.
Estreitaste laços nessa imensa paisagem dos búzios em movimento
entre a maré cheia e a maré vaza. Uma rede de ecos longínquos
ergueu-se entre culturas e identidades uma troca de sentidos de homens
e mulheres em trânsito, uma identidade multilocal, metalocal.
Mais tarde, em finisterra apreendes uma teia de saberes instituídos
e compreendes como algumas construções são frágeis subtis e podem separar.
E persistes nessa presença estranha de um estranho em terra estranha.
Algo te devolve o semblante do enigma. Mutante entre versos poemas
e escolhas.
Entre tantos mares somos célula que pula e nos devolve as agulhas
da narrativa migrante que traçamos desde qualquer origem na viagem
entre a memória e o corpo.