18
Jul19
REGINA CORREIA - BARCAS DE CIRCUNSTÂNCIA
Teima o sol em
mentir-nos à
meia-noite de cada
celebração nas
barcas de circunstância.
Subimos o rio sem
margens nem
nascente que cante
águas ao
sul de retalhada infância.
Onde te escondes
deus do pão bolorento nas
bocas desdentadas?
Porque não vens
desactivar, de vez, ínvias
promessas encenadas?
Bastar-nos-ia esse
sonho devoluto para
corpo de nova fábula
ludibriando tempestades.
Mas no osso dos
dias só um rio sem
foz acolherá, tartamudo,
nossas últimas solenidades.