07
Dez20
JOÃO DIONÍSIO - CALENDÁRIO GREGORIANO
os ruídos das águas das moagens dos trigos da terra de todos os
dias da semana pararam sem o consentimento da moleira
e ela agora olha o volume de águas no domingo de Páscoa que
pararam
e as águas do ribeiro que atravessam os pinheiros
não movem mais as velas dos mastros de pano de algodão e não iniciaram os ruídos da semana
a moleira olha de novo o volume de águas para moer
os trigos da terra para os pães brindeirinhos que não pararam
fácil, seria então, não parar de moer por o que há de águas nos dias contínuos
mas a moleira fechou o moinho as velas a roda o ruído
a construção do pão e parou o dia
porque hoje é domingo de Páscoa.
quem não sabe da interrupção das novidades dos ruídos das águas de hoje é a
moleira que de vésperas não desviou as águas
o volume de águas que constrói pouco a pouco o
dia sagrado do pão do domingo de Páscoa já não
bate nos hélices
desde o inicio do amanhecer que as farinhas da terra não
saem da roda de pedra da moleira deste moinho de
água
porque hoje a ditadura proibiu as moagens de trigo
da terra
a água que atravessa toda a freguesia do Caniço
continuou a correr para o atlântico
o ruido do moinho não ocupou depois um espaço da sua memória e o
silêncio agora ocupou um fim de paragem de calendários com paragem no domingo de páscoa
e a moleira não moeu na Páscoa os trigos da terra
para os brindeirinhod com erva doce para a sua antiga fé judia
então saiu de casa com o fato domingueiro por entre
o vento que batia sempre nas espigas de trigo desceu
por a velha estrada de terra do sitio das eiras do Caniço dos pinheiros e das amoreiras e entrou
na nova estrada de recente alcatrão e ajoelhou-se na igreja para a missa do domingo de Páscoa
o calendário Gregoriano não se mexeu.
A moleira não parou a água o vento que batiam na
memoria e já não estranhou a diminuição do ruído de
outrora que corta o silêncio do ribeiro o rústico de
todos os dias
porque hoje é domingo de Páscoa para orar a Deus.
E a moleira passou o dia com a falta dos
brindeirinhos domésticos para o domingo de Páscoa.
Os ruídos das moagens dos trigos da terra imemoriais
Pararam e ela teve o conhecimento da ditadura
Depois nas velas do moinho pregou o conhecimento
Da ditadura o decreto do fim dos trigos d terra com os horários de trabalho para quem quisesse
os brindeirinhos do monopólio com farinha de fora dos dias certos da
semana para a nova memória.