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Nov18
SARA CANELHAS - ESTRELAS MARGINAIS
sóis ignorados pela substantiva distância,
incarnações divinas na sua glória central,
anãs perdidas num redil de cósmica periferia.
Quão ténues as certezas de vestimenta solar
sempre errante. Imploramos que não se dissipe
em peças compósitas, mas nada se abriga sob os fogos
múltiplos, tríplices, fátuos, de emaranhada órbita.
O conserto galáctico prossegue
impetuoso, de sombrio a luzente,
parodiando velhos sinais por todo o lado,
celebrando o toque dos rastros em trânsito,
da fuga às águas, da ébria lentidão dos corpos
em descolagem, pela vertigem do movimento,
sem qualquer repouso necessário,
sem qualquer dom absoluto.
Só o toque emocionado do movimento
se eleva sentido, cada vez mais curvilíneo,
perpetuamente mais próximo.
E uma nota desprende-se do alto supremo
aos extremos do mundo, portador e portagem
dos cultos em fluxo__ errare humanum est,
esse toque eloquente ungido do fundo dos fundos,
dos errantes ruídos de fundo,
pela eternidade do esquecimento.