ALFREDO J. FERREIRO SALGUEIRO - EMPURRA-ME A LUA
Empurra-me a lua pelas escadas abaixo da vida, a lua cheia de viço e de argumentos lunáticos que se não podem deter até ao fim de umas escadas que não cessam de serem fundas e rijas para umas pernas cansadas de descer mais uma vez. Empurra-me a lua e não sei responder uma pergunta intencionada e oculta que ela me dispara ao miolo do coração. Uma pergunta com uma resposta obscura que só perante o luar infinito da vida serei capaz de acometer, enquanto adormeço indolente no baloiço sustido por uma rama noturna robusta e subtil que um menino que brinca desflora enquanto sonha no cimo do cantil. Empurra-me a lua para um sol que não deixa de rir para mim.
A Corunha (Galiza - Espanha), Dezembro de 2018