ANTÓNIO DE MIRANDA - A INCONTORNÁVEL BELEZA DE ME PERDER
Não assino desculpas para este
encostar do tempo que abandona
solidões nas costas. Ousei mandar
a esperança escondida nas garrafas
que esvaziei. Esperei, nas mais
tristes madrugadas, um sinal,
mesmo sem sentido, que confortasse
a mais doída das despedidas. Tudo
foi apunhalado, neste desgosto
escrito no novelo mentiroso.
Caminho no deserto das ideias
válidas, carimbando mágoas
bordadas a ponto-cruz. Limpo o
desejo a guardanapos tão gastos
como as minhas sujas recordações.
Vou fugindo, não tão rápido como
desejo, da sombra que pinta
desgostos.
Um destes dias, terei de aprender
a voar.
Preciso urgentemente de assassinar
o encanto da lua.
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2020Mar_aNTÓNIODEmIRANDA