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Nov18
JOSÉ AMÂNCIO - ENTRE ASPAS
No reino de “atepoché” não pode
haver homem. Ali, não.
Todavia, reino de quê?
Há não, homem e mulher, não há
Nunca infante ou sapiens de cãs! Nunca!
Lugar entre aspas e entre nadas
Chão de terra batida por pés imaginários
Emeio de silêncio e de pó
em pausa de olho serrado
em pomos de espaço branco
em tiras quaradas de tempos
e risos postiços de hiatos
em pelos de besta fubana
em casca de pinha tirana
debaixo de pedras de assentar — entrepostos
(ah, no meio sequer um buraco não há)
mas o velho castelo não passa de um cavername
trancado por chaves de quatro molhos
e charneiras de ferrugem aquilatadas
e o rei se agacha num oco de pau
e o rei se agacha para se esconder
e o rei se agacha para não pensar
e o rei se agachava porque não era humilde — e havia anões
logo após a fronteira
Sim, havia anões de mãos de veludo trabalhando para si
Trabalhando realmente após a fronteira
vestidos de azul arlequim picassiano
e de uma tristeza que desconheciam
— mas que nos olhos de quem os via, doía —
em seus semblantes, de lajeiro seco, de tons cinza
e de tungstênio, estampada
No reino de “atepoché” não pode haver qualquer coisa
No entanto, reino de quê? De Nãos — vai saber!