07
Out19
LUÍS PALMA GOMES - HÁ UM AR DE NEVE
Há um ar de neve que me molha e seca
como se a liberdade fosse um pássaro negro
colado a um ramo tão altaneiro e destacado
que se podia dizer inquilino do céu
Deslumbrado, bate as asas, diante aquele horizonte
Bate as asas, o pássaro, bate-as infinitamente
Mas das fixas patas que não descolam
vem-lhe à boca um sorriso tolo, disfarçado, intermitente
Ao longe, parece um louco
De perto, pareço eu