16
Fev19
ALBERTO BRESCIANI - PASSAPORTE
Perguntarão o que guardo
Entre dedos crispados
e não saberia responder de imediato,
que a luz é maior e o céu sempre azul
Mas intuo
anéis quebrados,
alianças de metal
de um tempo que não meu
Algum pano encharcado de escuros,
caindo em silêncio
quando o calor do dia
mal deixa pensar
Talvez e-mails antigos,
palavras de ficção
nas arcadas, no fio dos dentes,
nas veias
Desconfio de lembranças
herdadas de algum ancestral
e das plantas mortas
nas últimas férias
Desconfio da indiferença
e dos prêmios e remédios,
dos copos sobre a mesa
e do amor dobrando esquinas
de uma cidade imensa,
perdido entre edifícios e bicicletas,
de um longe sem mapa e tão grande
que não consigo levar.