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Dez20
ALERTO BIA - "ENTRO PARA DENTRO DO SILÊNCIO..."
{…}
Entro para dentro do silêncio pelas mãos
Os dedos a estalar nervosos no datilógrafo
Sobre o lugar vago do papiro
Encosto o irredutível ouvido para atravessar o tempo
Na espessura do endiabrado pêndulo
Alimento a fome com esse cítrus das palavras
Como se os poemas a mim fossem inventários das tangíveis memórias
Às vezes, esfrego sobejo o sono nos olhos para fora do corpo
Pela mão que se deita para sonhar
Há ainda trevas que amanhecem dentro das mãos
Ou trevas que saem pelas mãos sobre a mesa
E a palavra se torna no lugar contra o esquecimento.