09
Ago18
ANA HORTA - "A MÃO A CHEIRAR A TANGERINA"
A mão a cheirar a tangerina
Pega, de novo, no estilete da escrita
Corta as palavras em gomos
Súplicas de carne viva
Dos frutos do mundo
A mão desce com o suco jorrando
Pelos interstícios da pele
Ao âmago intestino da criação
Estar no mundo
Manipulá-lo
Natureza esquartejada nas entranhas
A maturação do verde indizível
Que revive no sopro das palavras
Esboço de vida
Actuando na rotação das estações
Lavo-me na água pura dos pingos da chuva
Eu:
Torso vinculado à existência natural do roubo do fogo