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Mai20
ANTÓNIO JOSÉ QUEIROZ - MURAL
Aqui estamos, tu e eu, meu amor,
num labirinto de sombras sem fim.
Já se não ouve o claro riso das manhãs,
o rumor cansado do entardecer.
Os dias são agora de silêncio,
o passado uma saudade à deriva
no breu infinito da memória.
Acabaram-se as lágrimas e os abraços
no cais triste das despedidas.
Nas cicatrizes da cidade desfigurada,
num velho mural, antigo como o remorso,
duas palavras resistem ao tempo
e cegam o olhar: “Não matarás”.
17/4/2020