um dia de junho
num recanto
dos alentejos mais tórridos
de todas as europas
do mundo

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o mais pequenino
dos meus quatro filhos
o mais pequenino
dos meus quatro super-heróis
(andaria pelos
três anos)
perguntou-me
nem sei
talvez pela vigésima vez
«o que é ito?»
o que tenho no rosto
do lado esquerdo
a pequena cicatriz
que me ficou dos tempos
em que tinha a idade
tão bonita
com que ele estava
ao repetir
a pergunta
naquele dia de junho
num recanto
dos alentejos mais tórridos
de todas as europas
do mundo
a pequena cicatriz
que ganhei
quando fui aterrar
em cima
de um vaso
que ainda aguardava
as flores
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lembro-me bem
a cada dia
a cada hora
lembro-me bem
de que sempre tive
o sonho
nada secreto
de voar