28
Fev19
ANTONIO MIRANDA - V-XAME
V-XAME
Poema-ensaio de
ANTONIO MIRANDA
baseado no livro
No enxame
Perspectivas do digital
de
BYUNG-CHUL HAN*
“A mídia digital como tal privatiza a comunicação,
ao deslocar a produção da informação,
do público para o privado.” HAN
I
Na rede nos enredamos!!!
Vilém Flusser: “A sociedade da informação” (...)
“a favor do conhecimento
de que existimos um para o outro
e que ninguém existe para
si mesmo.”
Byung-Chul Han contradiz:
no ENXAME neoliberal
“o amor ao próximo”
— na comunicação digital não é
uma “técnica do amor ao próximo”!!!
“Ela é, muito antes, uma sociedade
do desempenho,
que nos individualiza.”
A informação não é mais
comunicativa
é cumulativa.
Flusser: “A comunicação digital torna possível
a experiência de uma proximidade afortunada (kairós),
ao esconjurar a distância temporal-espacial.”
HAN, contraditório:
“A comunicação digital (...) faz com que a comunidade, o Nós eroda.
Ela destrói o espaço público
e aguça a individualização do ser humano – o narcisismo.”
Mídias sociais como o Twitter e o Facebook
são mídias narcisistas.
No lugar do Big Brother, entra o Big Data.
o protocolamento total e sem lacunas da vida
é a consumação da sociedade da transparência.
A vigilância e o controle são uma parte inerente
da comunicação digital.
Neste panótipo todos observam e vigiam a todos.
II
Mac Luhan:
o homo eletronicus é um ser humano de massa.
O homo digitalis é tudo, menos um “ninguém”.
Em vez de ser ninguém, ele é um alguém penetrante
que se expõe e que compete por atenção.
O enxame digital consiste em indivíduos singularizados.
Os indivíduos que se juntam em um enxame
não desenvolvem nenhum Nós.
Não a multidão,
mas sim a solidão,
caracteriza a constituição social atual.
O digital submete a tríada lacaniana
do real, do imaginário e do simbólico
— destrói o real e totaliza o imaginário.
No lugar das mãos,
o novo ser humano, passa os dedos
em vez de agir.
Nômades digitais
de um “projeto a um projétil” (HAN)
fatal: se-parar, atrofia o digi-tal...
Sim e Não, senão: Movi-mento...
— explorar-se até explodir!
III
No ágora digital, o local de eleição e mercado,
pólis e economia são o mesmo.
Eleitores se comportam como consumidores.
Propagandas eleitorais se misturam
com propagandas comerciais.
Governar se transforma em marketing.
Opiniões eleitorais são descobertas pelo datamining.
Somos cada vez mais agentes ativos em vez de cidadãos,
consumidores passivos.
Não há massas de verdade,
mas há massas de informação.
A informação é explicita, o saber é implícito.
Poder e informação não combinam...
O poder aparece como barreira para a informação.
A demanda pela transparência é a estratégia.
***
*HAN, Byung-Chul. No enxame. Perspectivas do digital.
Tradução de Lucas Machado. Petrópolis: Editora Vozes, 2013. 134 p.