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Abr20
AURELINO COSTA - E AS MÃES, DESAPARECEM?
A sofreguidão
na troca
do pão e do leite,
traceja o osso
mirabolante
do sofrimento
no ar, os mísseis
dos homens
silenciam as crianças,
e as mães,
desaparecem
enquanto os vates,
em privilégio cantante,
assobiam
falecem.
a imortalidade é um gozo
de minúcia e pária
entre o que há-de vir
e o foi-se
o mero gesto,
o cobre
onde templos e estatuárias
estreitam a lucidez
da morte, estampam a bolometria
esférica, relvado rádio - passivo
erigidos narcisos
em pétreas vestes teleológicas
cumprem a mão do cinzel
ao atoardar a infertilidade caleidoscópica
que a sua retórica confere aos outros …
são os fertilizantes
do infortúnio
escavando
as próprias jaulas
sem hábito e escolta ontológica
medeiam os lagares faustosos
onde impera o cheiro dos exilados
e perturbam a brilhantina
arredondada ao vaso guloso
dos esculpidos …
Nereides de luso fusco
ateiam-se ao pedestal
não vislumbram
a cárie do cio que há nelas
sempre que mastigam a terra
O Sol, cai.