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Jul19
CARLOS POÇAS FALCÃO - BREVE TEORIA DA SAUDADE
(…) Não é no que passou que encontraremos
satisfação do bem por que esperamos. Nem exemplo,
senão de imperfeições, cegueiras, sedes, muitos erros,
passagens fulgurantes que acentuam mais os erros,
mostrando que a nossa condição é a das lágrimas.
O saudoso não espera do passado ou do futuro.
É filho de uma altura. E a geometria exacta
do Centro (o Coração, que não se encontra em nenhum lado)
e da Circunferência (que se encurva em toda a parte)
concede-lhe a arte de sentir quanto está longe
e quanto se aproxima da integridade amada,
verdade prometida. Tatuagem sempre em ferida,
ele é como o amante que se lembra da alegria
de uma visão cimeira, de um desejo inicial:
a pátria em cujo nome estão o Cálice e a Cruz,
que tudo pode ser, de qualquer forma, à condição
de amar o que Deus quer, país da Virgem, Portugal.[1]
[1] Excerto de livro em feitura