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Jan21
ELSA RIBEIRO ALVES - AO SOM DE HÉLICES BÉLICAS NA BÓSNIA
O fim da manhã não se sustém
— desagua no porto aberto da boca —
já não como no seu início, no silêncio do peso
mas como quando à escala da fala se diz
como um modo de resolver.
A exactidão do meio-dia
ao sol verticalmente.
E tu ainda indagas na vida
Como se inquirisses um suspeito.
A tarde-promessa atirada ao amplexo das fragas.
Num bar sem intenções
numa ínfima fenda da noite
a luz abate-se no teu corpo oculto
pelas circunstâncias sem ânsia da vida.
Sucumbes à esfera do sonho:
anos noventa,
as tíbias humedecidas.
O corpo sabe por onde e porque vai
ao som de hélices bélicas, na Bósnia.