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Out20
ISABEL GOUVEIA - POESIA SEM ALMA
Um corpo sem alma
Jaz morto num prado.
Os bichos o comem,
As aves o bicam,
É morto e não tem
Sepultura condigna.
Apodrecem as ervas
Que lhe dão seu abrigo,
Apodrece esse corpo
Sem um beijo de amigo.
Assim é a poesia
Que perdeu sua alma.
Tem um corpo que jaz
E apodrece num prado
Entre os braços dum manto
De uma frágil verdura.
E um dia virão
Chuvas fortes e ventos,
É sugado esse manto,
O que envolve a Poesia
De verdura e encanto.
Ela é arrastada,
Destruída sem dó,
Porque corpo sem alma
Nem merece estar só.