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GAZETA DE POESIA INÉDITA

Espaço dedicado à divulgação de poesia original e inédita em língua portuguesa.

GAZETA DE POESIA INÉDITA

22
Jan19

JOÃO MEIRINHOS - RAPAZ-BARCO

 

 

A minha vida é assim:
Quem viaja demais ganha experiência e apatia para com tudo,

Pelo menos eu ganhei

Uma memória completa até ao fundo do coração
E uma vontade que não se esgota,
Uma infinidade de mundos dentro de mundos que se descobre
Dentro do sorriso nos olhos
Dentro das lágrimas na garganta
Dentro do sabor nas curvas dos lábios
Dentro das tocas de nós de dentro da nossa pele
Neste corpo insuflado e maior

Ou essa realidade aumentada que se sente
Na propulsão de um silencio ainda maior que estremece finalmente à volta.

Tudo é chegada e
Tudo chega demais
Uma manhã
Uma tarde
Uma noite
Madrugada neste tempo.

A apatia não existe
O que existe é a brisa que verga a ancora.

Se quiseres, lava te no mar
Sei lá 
Se quiseres dobra-me e nada na superfície da espuma de um licor de nada,

Ganha fôlego para falares esse mundo de verdade, sei lá
O que tu vês são apenas
As voltas às arrecuas nos passos do teu espelho,
Conceitos que matas como vitais e se matam de gestação em geração

Lava a cara, portanto, isso mesmo...
Quantas vezes precisares
Ou quantas vezes te deixarem,
Desperta no chuveiro
Para mais um dia disto tudo

Mais uma noite, madrugada e manhã
Naquela parte caída na tarde da propulsão
Que não precisa do maior enquanto espera pela maré

É reminiscência de um tremor de tejo
Que se levanta mal o pó desaparece
Quando paira suspenso sobre um chão de suor,
Tsunami de olhar-morte, são resposta,
São uma aceleração magnética, o exagero em que suspiro

Diretamente dos poros da terra apátrida
Como uma criada à espera de uma herança

Amargurado o húmus no âmago do
Homem vela feito de água da torneira e carne picada é
A verdadeira visão de que quanto mais pertencemos ao mundo
Mais ele nos come a atenção por dentro do sangue adocicado
Aos gritos pelos livros num recreio de nevoeiro
Sempre a cobrar e… sempre a acordar

Põe nas palavras a beleza do mundo que queres ver

E rodopia ébrio de barulho
Porque ninguém compreende ninguém
Só papamos a ilusão de que estamos a aprender ou a ajudar
O próximo mordomo sedento por uma cova quente
A sentir-se maior que a sua sombra à volta ser
Sempre feita da mesma terra machista de
Amplitude: cronometrada.

Entre linhas nómadas vivo de anzol no olho ao vento
Na inerte ânsia de que o poema possa sempre... recomeçar.



JM 2017


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