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Jan21
JOÃO RICARDO LOPES - AZINHAVRE
voltei em sonhos a tocar a caixa de ferramentas,
a madeira esquálida, as latas de parafusos,
o serrote e a plaina, o velho formão de aço,
as grosas, o mandril da máquina de furar,
as chaves de fendas em forma de cruz,
o saco de couro com as lunetas riscadas
tomaram conta do metal o óxido, o mofo, o azinhavre.
tudo apodrece no silêncio
o sonho não é nítido.
os objetos aparecem desfocados.
também a cabeça, suponho, me vai caindo
na mesma sonolência da morte
22.03.2019