16
Mar19
JORGE MUCHAGATO - ESTADO
envelheço.
a dor e o medo – aráveis.
respiro átomos a favor do tempo,
no sentido da invisibilidade e
da desfragmentação – é o que reescrevo.
pensei isto na travessia da estrada
destinada aos peões, ao sinal luminoso.
sob a noite e o deserto nocturno da cidade.
onde arde a matéria do tempo e o saber
da morte se consumam, senti dor, medo e pena
do fim. penso muito, agora. sorvo na pele o tempo.
compreendo que é assim porque as metamorfoses
do cansaço alcançaram-me o ser da medida do tempo.
porque agora sou eu, na gare dos autocarros, a acenar-te.
porque tenho medo e sinto os cheiros da terra no acordo do tempo.