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Jul20
JOSÉ QUEIROGA - "NA PRIMAVERA..."
na Primavera o perfume esplende
pela pedra ascensional do abismo,
como se nas fissuras da carne, a tarde
voltasse a cabeça para trás e escrevesse
o assombroso poema sobre o arco íris
dos teus olhos marejados de estrelas
com a saudade enchendo os mapas
de símbolos bárbaros.
não se movem as árvores de passagem
pelas horas incertas da ciência da vida,
constelações de afectos que ficam para trás,
o coração latejando na distância das palavras,
entre a caneta, o caderno e o computador.
do que é visível na fria nudez do quotidiano
luz de cristais na boca ferida de mistério.