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Jul20
JOSEFA DE MALTEZINHO - ARMAS DE ARREMESSO
O amor é feito de tudo e de nada:
Às vezes é uma jangada, uma massa folhada.
Às vezes sorri e não sorri.
Às vezes é um laboratório onde se testa a epiderme
pelo lado da frente e pelo lado de trás.
E tem arestas que tu devias limar, meu amor,
são armas de arremesso que persistem
em ficar por ali embora saibam que têm de sair.
Sabes como gosto de percorrer as tuas veredas
de olhos fechados, e nua, sempre nua,
para mim o amor sempre se percorreu sem roupa,
de coração à mostra,
e enquanto conversamos um com o outro
é tão fácil rasgar as cicatrizes nas arestas que teimam
em ficar. Nas arestas que teimas em não limar.
Não as escondas com os dedos.
Não embacies os nossos dias. A nossa intimidade.