27
Jan20
JOZIAS BENEDICTO - APOCALIPSE (um soneto para o final do ano)
Eu vi a lua nascer decadente.
Vi as ondas do mar se agigantando,
destruindo tudo, força silente
só o ronco da morte ecoando.
Vi as cinzas cobrirem o céu brilhante.
Senti o calor crescente do sol
queimar minha pele, minha garganta.
Soube como é ser, no mundo, só.
Águas tomam as ruas, amazônicas,
caudalosas, quentes, fétidas, mortas.
No horizonte, sangue e bosta seca.
Fecho os olhos, tranco a porta, meu reino.
Tomo um vinho, o prazer que me resta
aguardando chegarem os assassinos.
Rio de Janeiro, 2019