30
Mar20
LAURA NOGUEIRA - COMO UM SILÊNCIO
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Carlos Drummond de Andrade
Não tenho pressa diante de ti, meu poema.
Tu, que vens vazado de tantos outros.
Trazes a dor que aprendeste de animais morrendo.
E a daqueles ancestrais que enlouqueceram,
E deixaram o fio enovelado da loucura em nossa carne.
Não tenho pressa para te arrancar do limbo, meu poema.
Te confundes ao sangue que vi correr sobre a terra, desde a infância.
Quando mudo te evolas da fome nos rios e nas estradas.
Pulsas, réptil dentro de mim, planta em minha carne.
Como um silêncio de pássaro, como meu próprio fôlego.
(Inédito )
Laurenice Nogueira da Conceição (Laura Nogueira )