18
Mar20
LEONOR SOBRAL - A ROSA DESFOLHOU
A rosa desfolhou.
Não foi o vento nem a geada
e não se sabe bem
quem o íntimo fulgor estreitou.
Dizem que no arar dos afagos
no tragar dos odores
e na avidez do fogo
do receptáculo primeiro
se desapegou.
Dizem que tal formosura
virou mágoa escura
em angustiado caudal
nas ramosas nervuras.
Na tarefa de estar esgravatando
o esplendor
emudeceu o estorninho
no entretanto do vergar de um qualquer espinho
e inscreveu-se de novo a virgula ao invés do ponto final.