07
Jul18
LEONORA ROSADO - DÓI AINDA
Dói ainda
Tempo de nenhuma vontade
Tempo de papoilas que se desfazem
E de escorpiões a subir pela garganta
Dói ainda
A indiferença líquida
Das asas de um anjo terreno
Tempo de deixar arder os versos
Chegar-lhes o fogo
Subir-lhes a bainha
Vi pássaros encostados à
Linhagem da sua sombra
Do seu voo
Dói a impermanente estrada
Para nenhures e os calcanhares rotos
De tanto abrir socalcos
Dói acima de tudo ser eu
E não haver espelho que negue o que sou