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Jun18
PAULO REMA - "TODOS SÃO LESTOS"
Todos são lestos
Ao segundo toque
São já vultos esbatidos na rua
A desculpa para o
Silêncio em fuga
São as campainhas
Avariadas viradas para dentro
- não reparam nos
Selos carimbados
Com animais e rostos de gente morta
Vindos do
Outro lado da curva do mundo
Os carteiros
Não têm remetente
Tão-raro saberem
Seu destino
Acordam cedo, antes da vaidade do sol
Antes das conversas lutuosas
Nas exéquias murchas da manhã
Há pouca esperança de vida
Para um carteiro dentro
De um envelope com destino certo
Mas sem livre-arbítrio
Nos bolsos frios
Cinzas de todas as palavras
Indecifráveis
Mais silêncio
Regresso
Legitimidade para não ter nome
Com a mala, uma função
Volátil de obituários