08
Abr21
PEDRO ÁGUAS - ESTRANHO CÁLICE
Ontem não vieste: abre-se aqui todo
um espectro (de loucura?) de ultrajes!
É como um sol negro cá dentro
pronto a rebentar, mas que não rebenta,
emite sinais de alarme por todo o corpo
deste universo que sou eu a olhar-me
frente ao espelho da solidão. A poesia
já está toda feita e refeita e refeita…
Um enorme amontoado de entulho!
Eram precisas várias vidas de aturada
arqueologia e cuidada recriação.
Convidar centenas de antropólogos,
não menos. Disseram-me que depois da poesia
vinhas tu, para transformar a poesia em vinho.
Mas ontem não vieste. Virás ainda?
Com as cores do fermento ou da morte?
Com o cálice da redenção ou do crime?