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Out20
RUI SOBRAL - XIX CORAÇÕES QUE MORAM NOS CÃES
tenho nas beiras das janelas
encontrado os nomes nossos
pedaços de carne vivos em mim
carnes mortas jazem antepassadas
dos tempos em que morrer era pecado
e amar-te a solidão das noites frias
sinto-me morrer nas ruas lá fora
matam-me cigarros nos jardins inclinados
e vejo luas no lugar de muros
e espanta-me a literatura dos amantes
ornamentada pelos viadutos da cidade
com gritos de quem nunca gritou amor