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GAZETA DE POESIA INÉDITA

Espaço dedicado à divulgação de poesia original e inédita em língua portuguesa.

GAZETA DE POESIA INÉDITA

02
Dez20

RUI XEREZ DE SOUSA - "ERA UM ASILO DE LOUCOS"

Era um asilo de loucos
com portões abertos e janelas para o mundo.
Havia um ruído permanente,
um sussurro que ecoava nas paredes e retornava à cabeça.
O homem abria a boca, mas em vez do grito
era um líquido negro que escorria para o chão,
fétido, mas inflamável.
Podia, talvez, encetar a fuga
            - Mas para onde?
            (se tudo é igual em toda a parte)
procurar o lugar do silêncio, da cerimónia, do ritual.
Preferível, porém, seria devorar o mundo
com dentadas levianas para, depois,
num gesto cerimonial, excretar o que dele restasse
e chafurdar com os dedos
para regressar ao início, ao instinto louco da criação.
Recomeçar (expectante).
Cumprir os passos evolutivos para regressar ao mesmo lugar,
este asilo de loucos, maquinais, executantes.
Assistir com gáudio ao bailado suicida, como anjos caídos, cometas verticais.
A massa fétida em expansão contínua. Criar
mecanismos de aproximação que justifiquem o isolamento,
este acto eterno de estar só
numa montra universal,
disponível para regateios e transacções dúbias.  

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