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Set19
SARA F. COSTA - CRIANÇAS
sentamo-nos no escuro
a queimar as unhas
e os tecidos de marfim
que nos crescem das úlceras.
temos terra em vez de estômago,
roupa de carne arrancada
por animais sorridentes.
na ponta de cada dança,
uma criança cresce soberana
mestre da inocência
paixão que transborda
ao longo da idade.
escondemo-nos devagar
de tudo aquilo que somos,
crianças selvagens
com paixões letais
nomes que crescem por fora
vértebra em êxtase,
claridade que sangra para o copo
em desordem, em tensão, furioso
amor tão cheio de ódio.