03
Jan20
SOFIA MORAES - E DE MADRUGADA
e de madrugada reencontramo-nos nos pássaros
a pomba mais lenta de voo dá-nos passagem
o melro saltita para o arbusto
o terceiro é uma vírgula breve sobre o asfalto, talvez um pardalito
dizes que são teus conhecidos e acredito
que mais é preciso dizer de nós
que achamos impossível que alguém não goste do mar
e que não o ache feliz
quando dele se soltam pássaros de luz
o sino da igreja cai sobre a neblina
cheio de certezas
é pesado e grave o sino e a torre é altaneira
mas os pássaros vieram para receber-nos
vimos bem
eram dois e talvez um pardalito
pode ser pouco
mas é o muito em que acredito