20
Ago19
VERA DE VILHENA - NEM AS PEDRAS
Que farei da dormência no peito?
Desse mundo imenso o temor
Que prensa, moendo o sonho?
Costelas contra a secura das folhas
Soterrando, sem raiz,
O magro éter dos fantasmas.
Da memória de um corpo se despem,
Num hálito de quimeras mortiças
Com fome de sepultura.
Na boca dos meus espectros
Deponho pedras de silêncio,
Que é tudo o que tenho.
Hão-de cuspi-las sobre a terra estéril:
Nem as pedras suspiram por mim.
(2015)