04
Abr19
YVETTE K. CENTENO - A MORTE DO POETA
O Poeta envelhece.
Já morre devagar
sem dar por isso.
Está caído no chão
coberto de palavras.
São metáforas, diz,
mas não sabe o que diz.
Não saberá escolher
a que mais chama por ele
e há mais tempo:
uma palavra-chave
uma palavra-grito
aquele segredo
que dói
de sangue tão antigo…
As palavras agitam-se.
Chegou a hora.
Enchem-lhe a boca
de espuma.
Na espuma se afogará
escolhendo a palavra
errada,
a que não deixa voar.